quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

06.



Em 2010...

Conta-me histórias de encantar!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

05.

gosto do inesperado
...
de ouvir as tuas mãos queixarem-se do desafio que sentem
ao quererem, sem conseguir, abarcar todas as minhas nádegas de uma só vez...
...
roda-las acima e abaixo
e de novo as fixas na ponta dos dedos procurando gravar
(como que a laser)
os traços da minha pele nas polpas macias, não vás ficar cego
(de cegueira malfadada, perdida, desnorteada)
e esquecer-te das curvas que desavergonhadamente mostro ao passar por ti
na rua
...

gosto do provocado
...
das putices que me sussuras sem dizeres palavra
enquanto me roubas a língua e a colocas a sugar a tua
mais da contracção que promovo no teu abdómen, quando a ele me encosto
à procura do consolo para me satisfazer
...

gosto do grito que te faz transpirar
e do sabor das gotas do teu suor contido.

gosto do teu sexo
que me dedilha a alma toda
e se lambusa sem preconceitos até à minha rendição.

Toma-me!

terça-feira, 12 de maio de 2009

04.

A noite estava meio cálida.
Havia decorrido algum tempo sem estarem juntos – o tempo necessário e suficiente para terem intensificado o desejo de voltarem a unir-se, fisica e emocionalmente, no abraço preferido de ambos. Aquele que é só deles e que os envolveu no primeiro encontro deixando claro o fascínio terno que os entrelaçou.
Desta vez, para honrar devidamente o clima de paixão e ternura que os mantém juntos – ligados – optaram por ser originais! Ele resgatou um camião a um amigo seu, de folga nessa noite, e ela, com os olhos a brilhar pela aventura, esperou-o qual moça da noite numa qualquer rotunda sombria na qual ele lhe disse que a apanharia para voarem juntos, asfalto fora noite adentro...
O beijo que trocaram terá soado insuspeito aos olhos de quem passou e observou a cena do embarque. Um beijo frio, técnico, dado por dois seres desconhecidos que apenas tinham agendado fazer companhia um ao outro, numa “noite de trabalho” mútuo. O rádio manteve-se ligado numa estação superficial, rodando canções de um sempre banal, pouco ou nada convidativo a mais do que cantorias desafinadas timbradas pelas vozes dele ou dela, à vez, pois a intimidade que dá lugar ao diálogo estava perfeitamente disfarçado de ausente pelos dois protagonistas em presença. Diria que ambos sonharam um dia obter o papel principal num filmezeco de segunda categoria e, como tal, vestiram a rigor as indumentárias específicas que identificariam sem dúvida cada um deles, na apresentação inicial da película.
Ela, de vestido negro colado ao corpo decotado propositamente de forma exagerada, calçava ainda umas botas de cano alto em pele, meio grosseiras, que ajudavam sobremaneira a dar ênfase ao que se anunciava. Nada mais vestira... Ele, trajava umas calças igualmente justas deixando bem visível o porte tamanho que protegiam. T’shirt desbotada por cima deixava solto o corpo que não escondia...
Lá dentro o tempo abrandara, no ventinho que antes visitava a lua cheia.

Kilómetros percorridos a rigor, com sapiência, pelo camião entregue nas mãos pesadas e fortes do homem de olhar perverso, foram a energia vibrante que justificou o início da queda em desgraça: aos poucos, sem dizer palavra, ela colocou os pés embotados no tablier da máquina, e com ar matreiro e atrevido, abriu as pernas fazendo deslizar o tecido do vestido para trás. De olhos posto ora na estrada, ora na vulva que se descobria desavergonhadamente, o homem deu-lhe apenas uma instrução: “toca-te para mim!” Ela soltou uma gargalhada indiscreta. Fez uma paragem fixando os olhos nos dele, para logo de seguida, quase ao mesmo tempo, se mirar a si mesma no tornear de dedos entretanto molhados que percorriam ja as suas partes mais íntimas...
Outros artistas da noite passavam de um lado para o outro. Alguns bem altos, vizinhos, vislumbravam de relance a magnífica exposição erótica ambulante. Um piscar de luzes mostrava o contentamente geral.
Lá dentro, a rota da terra mudara drásticamente dando lugar ao calor do Verão!

Partiram juntos sem destino marcado à priori, mas a estrada parecia encurtar-se à medida que os sons das canções da rádio mal se conseguiam ouvir, sobrepostos que eram por ruídos de outro calibre, explicitamente ditos pelas bocas de ambos. As calças mesmo justas, fechadas como convém, abriram-se para que uma das mãos do homem pudesse imitar num gesto puro masculino, o enredo já traçado. O decote do vestido desapareceu entretanto, deixando livre o peito altivo e robusto da mulher quase em estado delirante de prazer. Sedentos do toque trocado de mãos, das peles misturadas, as bocas pediam-se mutuamente e ambos sentiam uma vontade imensa de parar ali mesmo, na berma da estrada...

Mas ambos são exímios na arte de representar, e por isso sabiam que a cena final estava ainda longe do seu acontecer....

domingo, 15 de março de 2009

03.

... de cócoras, em frente ao amante amado L., desnuda, encara o seu homem de frente: quer deleitar-se mordiscando-o, lambendo-o totalmente enquanto se observa ao espelho do quarto.
A noite aproxima-se. É cedo ainda. L. adora fazer amor de repente. Chama-o já despida e diz-lhe simplesmente: “Abre as calças, solta-te para mim!”
Ele apenas sorri. Já a conhece. Sabe dos seus impulsos e aceita docemente a ordem clara que recebe. Nada comentam. Não articulam palavras. Apenas seguem os gestos dos corpos já conhecidos entre si e brincam uma vez mais ao jogo do prazer.
L. tem a boca preenchida de carne humana. A alma que transporta transcende-se com o prazer que ouve docemente soltar-se do peito do homem que agradece tão amável carícia. Sem que ela perceba, H. desvia-se e procura a câmara fotográfica que deixaram há minutos em cima da cómoda. Liga-a e programa-a para um novo registo. L. segue na sua deliciosa empreitada. Sente os lábios satisfeitos numa escala geométrica, a boca toda, a boca toda pede mais e mais...
O espelho testemunha os movimentos ritmados, mesmo aqueles que não são objectiváveis: os do gozo directo, tão directo que aquela prática promove em ambos os parceiros. H. transforma-se num actor criador de um guião executado. L. toca-se a si mesma e não pára de ensaiar a cena mais querida. Imagina-a já, minutos adiante. H. está perfeito. É perfeito. L. não esconde o desejo que sente por ele...

Líquido doce e quente jorra em golpes inínterruptos para dentro dela. Salpica-a. Molha-a. H. está com muita força, com muita força... Geme num quase grito e L. agradece...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

02.

Sinto-me pronta para que me desflores...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

01.

Hoje acordei a pensar em texto, a pensar em ti.
Sabes que nos imaginava numa espécie de paraíso, ninho de simplicidade, e te pedia para que te entregasses aos meus carinhos sem os temeres. Despia-te com ternura e deitava-te de barriga para baixo numa cama macia, feita de lavado com lençois brancos de linho engomados cheirosos a água de rosas, e eu, nua também, passava um óleo de jasmim e lavanda pelas mãos e pelo meu corpo e transformava-me numa enorme luva humana para te massajar as costas, desde o cóccis até à nuca. Encavalitada nas tuas nádegas, entretinha-te o eixo da coluna vertebral com os meus mamilos hirtos, percorrendo-o nódulo a nódulo, devagar, até acima, até me deitar em ti e beijar-te a cabeça. Depois... Depois, espreguiçava-me como quem acorda e ao esticar as minhas pernas sobre as tuas, deleitava-me rodando um pedaço de mim nos teus contornos e deixava-me descansar para logo, num passo de elegante contorcionismo, erguer o meu tronco até me poder ajoelhar aos teus pés. As tuas nádegas podem ser um ponto interessante para eu brincar, sabias? Bom, mas não era com elas que brincava no meu texto, mas com os teus pés.
As terminações nervosas que ali radicam fazem deles, os pés, um lugar de culto para alguns. Por mim, confesso que os descobri há pouco tempo, mas é já uma sensação única a que guardo e relembro de cada vez que experimento ter um polegar do pé de alguém que me importe, na minha boca. Adoro calcorrear cada dedo com os meus lábios, e passear a ponta da língua por cada falanje, como quem chupa um delicioso gelado de baunilha com pedacinhos de chocolate crocante e algo mais... Ao mesmo tempo que os descobria, aos teus, no meu sonho imaginário, massajava-te os calcanharaes, apertando-os, para logo me servir dos meus polegares superiores e, embebidos no óleo sagrado e estimulante da minha saliva, te percorrer a planta daqueles que, entre botas de biqueira de aço, te levam ao cimo de cada monte e vale e descem contigo os desfiladeiros da vida...

Tens os pés calejados de nada, e a precisarem de serem mimados com um bom creme nutritivo. Mas, creio que isso eu já te tinha dito não já?

Sim, o meu texto seguia. Sim. Seguia mais um pouco. Tu deixavas-te embalar pelos meus gestos e, como de costume, quase adormecias de serenidade só por me teres por perto. Resistindo, pedias mais. Mais carinho minha doce e terna amada, amante... Eu, deleitada com a vénia de prazer a que assistia, vinda da tua alma na direcção da minha, continuava dedicada, ora num ora no outro pé, e beijava, beijava, beijava. Ès delicioso. Também já te tinha dito não já?

As nádegas.
As nádegas são perfeitas. Redondas. Macias. Desenhava-lhes os contornos a lápis de pastel, e recortava-as na minha mente como quem esculpe a cinzel um pedaço de massa, de matéria divina. Beijava-as infinitamente até tu estremeceres de um prazer indizível. Os meus seios tocavam-lhes provocantemente, pedindo-te que te voltes agora e me deixes descansar. Senta-me devagar para te receber dentro de mim. Acolhe-me num abraço e abre a tua boca... Deixa-me ficar por ai.

Hoje acordei a pensar em texto, a pensar em ti. Acordei a abraçar-te no meu desejo de te ter aqui, perto de mim...