quarta-feira, 16 de abril de 2008

10.

- Tenho uma proposta para te fazer.
- Ah sim!? E qual é?
- Gostaria que hoje fizessemos amor sem nos tocarmos um ao outro...
- Humm! ...
- Aceitas?
- Pode ser complicado, mas ... aceito o desafio.

(Sorriem um para o outro, cúmplices de um desejo comum.)

O corpo longo e forte dele, entretanto exposto sem reservas, abandona-se no leito perfumado de lavanda e rosmaninho, e uma cadeira larga e confortávelmente vestida por uma manta felpuda e quente, repousa delicadamente no chão do quarto, pronta a recebê-la a ela, como num abraço caloroso. Ele assinala quando ela entra núa, que quer ainda perguntar alguma coisa, mas logo percebe que nada mais há a dizer a partir dali, tão claro é o gesto do seu olhar penetrante... Os brilhos lânguidos ao mesmo tempo que apaixonados dos olhares de ambos entrecruzam-se, cumprimentando-se directamente. Está aberta a cena, sobem o pano do palco que os rodeia e lhes serve de base – jogarão o jogo do amor! Entregam-se mutuamente num encanto que só os verdadeiros amantes conhecem.Alguns segundos dedicados aos acertos dos ritmos respiratórios dão lugar a que M. entreabra os seus lábios, humedecendo-os delicadamente para logo fazer um movimento de deglutição inevitável da água que, entretanto, lhe brotava fresca e silenciosa, dentro da boca. C. continua a olhá-la nos olhos, apreciando-lhe a infinita beleza: “Esta mulher é extraordinária”, pensa em segredo. Sorri-lhe e inicia o passear pelo seu próprio corpo, tomando a medida das suas pernas, que sabe que ela tanto deseja. Longas, fortes e musculadas, apercebe-se de que são, de facto, enormemente atraentes. Rodeia os joelhos, abraçando cada um por sua vez, com ambas as mãos, e massája-os obtendo com esse movimento uma renovação de energia. Prende-se nas coxas que esfrega com gestos dinâmicos, aquecendo-se a si mesmo. Ela mostra-se imperturbável, pelo menos aparentemente. Voltam a sorrir...

M. beija a sua boca, levando a língua a calcorrear cada dente, cada recanto, cada ressalto do palato, da caverna milagrosa. A minúcia com que percorre tão profunda gruta, bem como o calor sereno que sente por dentro, mostram a si mesma o quanto é agradável para ele ter-se dentro dela, quando o abocanha com ternura e lhe permite que lá more por tempo indeterminado. Volta a molhar os lábios, agora olhando C. provocantemente. Ele sente um calafrio e solta um leve “Humm!”, fazendo um movimento para a frente como quem se insinua e lhe diz, quero entrar ai.
Unhas pintadas de vermelho escuro, em mãos previamente hidratadas e macias, são usadas agora para excitar a pele do tronco, e seios e ancas e pernas. Quase pode ouvir-se o ruído que fazem nos poros da alma de ambos. Ela respira fundo, tentando controlar a sofreguidão em que está prestes a cair. Mas, o ritmo de ambos deve ser mantido. Retorna as mãos acima, e delineia com precisão e cuidado, os laterais que contornam a cintura, bem marcada. Deixa-as escorregar naturalmente pelos abdominais e detém-se neles, aconchegando a sua respiração. Observando C., segue-lhe uma das mãos que se enche de frutas maduras, recheadas de seiva quente e doce. Ele aperta-se devagar, ao mesmo tempo que leva a outra mão à boca, molhando-se nos dedos... Está erecto, vermelho, pulsante. Contudo, aguarda-se para mais tarde.
Os cheiros do prazer antecipado, enriquecem o ambiente. As peles transpiram, pulverizando o ar, humedecendo-o, refrescando-o tanto quanto o tornam apetecível...

Ele chega agora à sua dura barriga, trabalhada com afinco para que a possa carregar ao colo, e sente-lhe o poder. Não resiste a tocar-se entretanto, tentando experimentar o que sabe que ela aprecia: a suavidade da pele do seu membro na ponta dos dedos. Sente as cócegas leves que o arrepiam e o deixam sem alternativa. È preciso agarrá-lo já, e sentir-lhe a inteireza...
Volta a olhá-la, num olhar cada vez mais semi-cerrado, enquanto mordisca o lábio inferior, sussurando-lhe o fulgor em que se encontra por dentro.
O interior das coxas de M. estão expostas abertamente; ela percorre-as rapidamente, aperta-as e sente-se a pingar a manta que a acaricia por baixo. Os mamilos pedem-lhe alguma atenção, que ela lhe dedica sem esperar: segura-os e mostra-os a C., que os deseja há muito... Abraça os seios com força, sente-os quentes de um prazer indescritível. Revigora os movimentos com que massaja o corpo, de novo a barriga, as pernas, a cintura para de imediato agarrar no pedaço mais proibido. A manta continua húmida e ela recebe na mão o líquido que permite todas as aventuras. Brinca consigo mesma, tentando atrasar tanto quanto possível o mergulhos dos dedos por si adentro. Contorna-se, abre-se e fecha-se em movimentos pélvicos, enquanto devolve a C. um olhar de partilha profunda. Estão ambos entusiasmados... ... Ela alimenta-se do seu próprio sabor meio salgado. Lambe-se gulosamente.
C. mantém-se firme e seguro de si mesmo. Quer possuí-la com as suas próprias mãos. Freneticamente se ampara, se grita, se chupa simbolicamente. Ela entrega-se á exploração de cavidades impróprias, para sentir o êxtase do aperto. Ele levanta-se e coloca-se na sua frente. M. sorri como quem consente recebê-lo por perto. Está sedenta de qualquer coisa que lhe purifique a pele e lhe acalme a boca. Esfrega-se, alternando mãos e cavidades e pontas dos dedos numa acção massacrante. Escorre bastante ao sentir o cheiro de C. tão perto do nariz. Ele grunhe dizendo do prazer que sente e que se avizinha pleno. Contra as regras enunciadas ela abre-lhe a boca e toma-o de assalto, engolindo-o na perfeição. Ele solta um suspiro de agradecimento e de prazer, e ela, olha-o nos olhos mostrando o quanto está pronta para trocar pelas mãos dele, as suas dentro de si...