sexta-feira, 15 de julho de 2011

10.

Elevo de novo as mãos, erguendo-as na direcção do Céu. Do infinito.
O gesto é de Gratidão pelo prazer experimentado. Arrebatador!
Enlouqueces-me...

Vens de mansinho, pela calada da noite, quando já ninguém te espera.
Dizes-te inocente, talvez até incrédulo: resistes a perceber o Poder que a tua Cor me inspira.
Não te lembras do calor que vivemos noutro dia – aquele que nos fez suar em bica a propósito de coisa nenhuma? Não te lembras que te dei de beber do rio que me alagava, que corria depressa depressa sem que eu mesma conseguisse travá-lo?

Envolves-me completamente no corpo gigante que tens, e que abarca o meu Todo, Todo... que me torna numa pecadora feroz, sem amarras, sem pudores por cima dos lençóis que deixas marcados da tua desfaçatez!

Enlouqueces-me quando me encaras com esse olhar animalesco, de quem se sente desafiado e quase-se-deixa-tornar o Deus que podes Ser de vez em quando. Quando me sussurras ao ouvido que me queres tanto, que te excito para lá da linha que traçaste como segura, possível. Quando me dizes que te cavalgo como ninguém.

Não te lembras do calor da minha boca nos teus dedos? E do som do meu gemer estonteado?
Das palavras impuras que pronunciamos só para nós – aquelas que isoladas não querem dizer nada nada? E Tudo, Quase-Tudo, ditas de uma só vez pela Boca Única que formamos?!

Quero fundir-me a ti e mudar de cor, também. Quero pintar-me de negro para me riscares de giz. Quero escrever-te para te fixar em mim.

As palavras nas mãos as bocas nas palavras os dedos entrelaçados os orgasmos vividos até ao fim.

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