domingo, 15 de março de 2009

03.

... de cócoras, em frente ao amante amado L., desnuda, encara o seu homem de frente: quer deleitar-se mordiscando-o, lambendo-o totalmente enquanto se observa ao espelho do quarto.
A noite aproxima-se. É cedo ainda. L. adora fazer amor de repente. Chama-o já despida e diz-lhe simplesmente: “Abre as calças, solta-te para mim!”
Ele apenas sorri. Já a conhece. Sabe dos seus impulsos e aceita docemente a ordem clara que recebe. Nada comentam. Não articulam palavras. Apenas seguem os gestos dos corpos já conhecidos entre si e brincam uma vez mais ao jogo do prazer.
L. tem a boca preenchida de carne humana. A alma que transporta transcende-se com o prazer que ouve docemente soltar-se do peito do homem que agradece tão amável carícia. Sem que ela perceba, H. desvia-se e procura a câmara fotográfica que deixaram há minutos em cima da cómoda. Liga-a e programa-a para um novo registo. L. segue na sua deliciosa empreitada. Sente os lábios satisfeitos numa escala geométrica, a boca toda, a boca toda pede mais e mais...
O espelho testemunha os movimentos ritmados, mesmo aqueles que não são objectiváveis: os do gozo directo, tão directo que aquela prática promove em ambos os parceiros. H. transforma-se num actor criador de um guião executado. L. toca-se a si mesma e não pára de ensaiar a cena mais querida. Imagina-a já, minutos adiante. H. está perfeito. É perfeito. L. não esconde o desejo que sente por ele...

Líquido doce e quente jorra em golpes inínterruptos para dentro dela. Salpica-a. Molha-a. H. está com muita força, com muita força... Geme num quase grito e L. agradece...

6 comentários:

Joaquim Moedas Duarte disse...

Carmim: ternura infinita!

Essa a côr de todas as carícias, que envolve as palavras numa teia de cumplicidade, numa imensa doçura.

Todo o Amor devia ser assim...

Justine disse...

Admiro incondicionalmente a capacidade de escreveres textos simultaneamente eróticos e febris, elegantes e contidos.
Abraço grande:))

Rui disse...

Mais do que em qualquer outro lugar, é na câmera da memória que as emoções ficam gravadas.

Alberto Oliveira disse...

... oh deuses! ela é L ele é H.... De certeza que não anda por aí mais alguma letra do alfabeto perdida, em demanda do triângulo amoroso?

meus instantes e momentos disse...

ótimo post, instigante, gosto daqui.
Maurizio

Mika disse...

Não há 3 sem 4...
ABraço

Miguel