quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

8.

O copo que há pouco fui buscar à casa de banho para te dar de beber, para te purificar e voltar a humedecer as teias respirantes quase secas do tabaco que fumaste em tempos e cheias de entulho dos prazeres que adiaste até hoje mais das dores que nunca sofreste, entornou-se. Bateste-lhe com o pé que não te cabe na cama, porque ela não foi desenhada para homens do teu tamanho. Eu, stresso só um bocadinho porque não estou em minha casa e, logo corro, solícita, para tentar emendar o erro que não foi meu dizendo que corro para te proteger.

(Tu sabes que minto, não sabes? Que lá bem no fundo, talvez seja eu quem aldraba?)

A toalha absorve o líquido e disfarça o momento. É daquelas que, como há muita gente, era capaz de jurar que nunca nos viu por ali. Pagam-lhe para isso e ela apresenta-se imaculada, pura, fresca e suave, e presta-se a ser usada. Obedece.
Restos dos morangos que comemos na brincadeira repousam na caixa plástica e, de novo, nos envolvemos. Fazemos amor, como tu dizes. Eu concordo. Aliás, concordo com imensas coisas que me tens dito, mesmo que tu não gostes que diga que tens razão. Eu acho que tens razão e permite-me que insista em dizer o que penso, nem que seja pela famosa teimosia que, pelos vistos, faz parte intrínseca do meu nome próprio.

Deliciei-me contigo, desta vez. Não me recordo se já te tinha dito que gosto muito do teu jeitinho. Da maneira como representas o papel de amante, amigo e companheiro. Surpreendes-me quando me pedes para que façamos amor a olhar nos olhos um do outro. É curioso. É daquelas coisas que, depois de a teres sugerido, eu percebo que sempre pensei nisso e, contudo, nunca o tinha feito ou vivido dessa maneira. Senti-me a perder mais um pedaço do medo que me resta, ao mesmo tempo que te auscultava (e a tu mim, também), te procurava mais fundo nas tuas verdades secretas, ocultas. Fomos dois animais em luta renhida pelo poder que, pelos vistos, cada um de nós faz questão de ter no outro.
Desafiaste-me.

Mexo-me com todo o meu carinho e procuro mostrar-te como estou em forma, fisicamente. Como te desejo ardentemente.
Gozo contigo, cavalgando-te lenta e amorosamente para, na sequência de 3 ou 4 beijos escaldantes te por, finalmente, a sofrer.
Os guinchos que queres soltar estão um pouco presos, mas eu ouço-os já ao longe e faço-os soar mais alto com o movimento das minhas ancas. Bem ritmado agora, com força e depressa. Tu finalmente desintoxicas-te, tosses vigorosamente, vens-te para dentro do preservativo verde que me deixa uma sensação de frescura muito agradável. Sinto o teu bombear lá dentro e penso que te quero matar para que sejas meu por inteiro e em definitivo.

Aguenta-te amor!
Aguenta-te!

Sigo a foder-te com mais vigor ainda, gozo em pleno e tu, vens-te de novo, passados apenas alguns segundos. Eu sinto que te tenho comigo para sempre. És eterno em mim, creio que já suspeitavas. Eternizo-me em ti nesse instante, ao devolver-te o tempo que me pedes. Estás incrédulo, espantado e a borrar-te de medo por dentro. Tosses ainda mais como quem procura alívio e libertar-se das limalhas finíssimas que te entompem, que te corroiem aos poucos e te têm feito desitir lentamente de ti.
Levanto-te, abraço-te, cuido de ti em seguida.
Espero que te recomponhas pois sei que os regressos costumam ser atribulados. Acredita que nunca mais serás o mesmo depois desta experiência.
Deita-te agora no meu colo, descansa e ouve-me. Tenho algo muito importante para te dizer.

Estou a amar-te!

3 comentários:

Alberto Oliveira disse...

... tu tem cuidado. Acho que estás a exigir demasiado do sujeito. Vê lá não dês cabo dele! Ainda por cima, o homem não me parece que esteja nas melhores condições físicas... com a tosse que tem.

sorrisos.

Justine disse...

Paixão? que doce/amargo, mas indispensável para no sentirmos vivos!

Jorge Ferreira disse...

Larga o homem que ainda o matas pá !!!

Coitadinho...vai ver o gajo deixou de fumar e dai tanta tosse...

Ainda por cima agora já nem se pode fumar o fumo dos outros em lado nenhum, eu que gostava tanto de fumar o fumo dos outros...que chatice, ao preço que o tabaco está e nem podemos aproveitar o fumo dos outros à borliu :(

Adoro-te doida e tenho muitas saudades tuas, escreves cada vez melhor e pelos vistos outras coisas também :P

Cavaleiro